Dois novos medicamentos contra o melanoma – o tipo mais agressivo de câncer de pele – trouxeram esperanças para os portadores da doença e, cada um a seu modo, inauguraram caminhos diferentes para o combate à doença. O primeiro, chamado vemurafenibe, tem ação sobre uma mutação genética relacionada à aceleração do avanço do tumor. O segundo, batizado de ipilimumabe, age em outra esfera. Ele atua sobre o sistema imunológico, deixando as células de defesa mais fortes para localizar e destruir os focos tumorais.
Os primeiros resultados dos estudos sobre a eficácia das drogas foram divulgados na última semana, durante o congresso da Associação Americana de Oncologia Clínica, realizado nos Estados Unidos. Por causa do impacto, figuraram entre os grandes destaques do encontro, considerado o mais importante da área. Para se ter uma ideia, pacientes que usaram o vemurafenibe por três meses manifestaram um risco de morte 63% menor em comparação aos que foram medicados com o quimioterápico dacarbazine. Em relação ao ipilimumabe, entre os que receberam a medicação, 24% estavam vivos depois de dois anos. No grupo dos pacientes não medicados com a nova droga, esse índice foi de 14%.
Os números impressionam principalmente quando se leva em consideração que as pesquisas foram feitas com pacientes de melanoma metastático – ou seja, que já havia se espalhado para outras partes do corpo e, portanto, de maior gravidade. Após as apresentações, os dois laboratórios farmacêuticos responsáveis pela produção dos remédios – Roche, fabricante do vemurafenibe, e Bristol-Myers Squibb, do ipilimumabe – decidiram iniciar um trabalho para testar a eficácia da combinação entre as duas drogas. “Estamos interessados em saber se essa estratégia pode melhorar o tratamento”, disse Brian Daniels, da Bristol-Myers. Na opinião do oncologista brasileiro Antonio Buzaid, chefe-geral do Centro de Oncologia Avançada do Hospital São José, em São Paulo, a associação de drogas de fato é um bom caminho. “O resultado das pesquisas sinaliza um grande avanço”, disse. “Mas a combinação de drogas pode melhorar ainda mais o tratamento.”
Para o futuro, há promessas de avanço no diagnóstico. Uma delas é a aplicação de um adesivo. Ele é colocado sobre manchas com aparência suspeita (que podem se transformar em melanoma). “Quando é retirado, leva nele células da pele que são analisadas para ver se têm potencial cancerígeno”, explicou à ISTOÉ William Wachsman, pesquisador americano envolvido no desenvolvimento do adesivo. Ele acredita que o recurso estará disponível em dois anos.